A certa altura da festa em que estive presente no terreiro de Mãe Beata, a roda dos filhos de santo que dançavam para os orixás invocados nos cantos e nos atabaques mais uma vez parou de girar. Permaneceram todos de pé, em círculo - os olhares voltados para a mulher que, cabisbaixa ao lado da mãe de santo, havia saído com ela do roncó (quarto de iniciação), vestida a rigor, como compete às adeptas seniores do candomblé (ou ebomis) - calçava sapatos de salto, abertos atrás como tamancos, vestia bata engomada sobre uma saia rodada com anáguas que lhe davam bastante volume, tinha um pano da costa amarrado na cintura e um ojá (torço) amarrado na cabeça com as duas abas laterais erguidas. Entre os seus colares, um, mais grosso, feito com contas grandes de porcelana intercaladas com fios de pequenas miçangas vermelhas, estava amarrado bem rente ao seu pescoço e havia sido usado na sua feitura - o kelê - e outro, feito de contas vermelhas finas com coral, era o colar distintivo de senioridade que ela havia recebido na obrigação de 7 anos - o runjeve. Os demais eram feitos com contas grandes e bastante vistosas e, junto com o runjeve, caíam pesados sobre a bata e, na altura da cintura, eram cobertos pelo pano da costa: o colar de contas de Iansã, a dona de sua cabeça, o de Ogum (seu segundo orixá ou juntó), e o de Logunedé, orixá de sua mãe de santo.
Pomba Gira E Seus Assentamentos 30.pdf
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